quarta-feira, 11 de junho de 2008

PARTE VI - Uma Turma da Pesada

(...)Enquanto eu tentava dormir, não muito distante dali, Preto e sua turma aprontavam.
- Alguém viu Pretinha por aí? – perguntou aos colegas.
- Vi sim, lá no calçadão do Mercado das Flores – disse Tristonho.
Tristonho era um moleque de 14 anos, magro, claro, cabelos loiros encaracolados e dos mais perigosos da turma, apesar de ter uma cara de quem sofrera muito e também de bonzinho. Segundo soube meses mais tarde, quando o mataram, já havia assassinado dois colegas de turma e estuprado uma garota em plena luz do dia e na presença de toda a galera sem que ninguém fizesse nada, tamanha era a sua fama entre eles.
- Também vi – disse Farinha.
- Pô! Todo mundo viu a Pretinha e ninguém me diz nada! – esbravejou Preto.
- Ih! Ninguém tem que te falar nada, não! Você que é a fim da guria que corra atrás, malandro! – repreendeu Tristonho.
- Tô a fim de ninguém, não, cara! A Pretinha é irmã de criação e por isso me preocupo com ela. Desde que fugiu de lá, só ficamos juntos uns dois ou três dias, depois ela deu a linha na pipa e sumiu. Fica na tua e cuida da tua vida, falou? – respondeu Preto(...).